A pluralidade do mercado da moda

O Fashion Meeting Lançamentos 2ª edição, realizado no dia 8 de agosto, em Novo Hamburgo/RS, foi uma verdadeira aula de moda. Além das palestras dos estilistas Ronaldo Fraga e Dudu Bertholini, o público pode acompanhar o painel Da Criação à Venda: Por Dentro do Mundo da Moda, com especialistas de diferentes áreas do universo fashion. O bate-papo foi mediado pela editora-chefe da Revista Lançamentos, Roberta Pschichholz. Confira a seguir alguns highlights de cada apresentação.

O estilista especializado em moda festa em plena ascensão no cenário nacional não planejava colher tanto sucesso em tão pouco tempo. Carlos Bacchi prestou vestibular para diversos cursos e acabou ingressando na faculdade de Educação Física. Passados alguns anos, percebeu que estava no lugar errado e decidiu se arriscar na moda. “Meus amigos falavam que eu deveria me dedicar às artes e, então, decidi cursar Moda na Universidade de Caxias do Sul (UCS).”

Depois de dois anos, embarcou para a França e Inglaterra, onde fez diversos cursos com foco em moda. “Quando voltei, minha intenção era trabalhar com prêt-à-porter. Mas, no fim, as pessoas começaram a pedir sob medida e tudo foi acontecendo”, conta.

Bacchi credita seu sucesso ao esforço. “O segredo é trabalhar sete dias por semana, 24h por dia. Eu abro mão de praticamente todos os compromissos pessoais e foco em produtos e experiências de compra incríveis”, afirma. “No meu ateliê, não tem essa glamourização da moda. Esse é o meu trabalho e vou fazer o que tiver de ser feito para que tudo saia perfeito. Vou ajudar nas obras, varrer o chão, não tem tempo ruim”, brinca.

Ramão Reichert: da criação à gestão

Nascido no Vale do Sinos, Ramão Reichert Jr. teve seu destino naturalmente atrelado ao calçado. Com passagem por importantes marcas nacionais, hoje é designer e diretor criativo da Bureau Design, que presta consultoria para empresas. “Minhas experiências me mostraram que faltava no mercado um olhar que unisse design de produto, gestão de marca e de mercado. Por isso, surgiu a Bureau Design”, explica.

Além de desenvolver calçados e acessórios, Reichert Jr. também transita no segmento de componentes. Quando o assunto é este segmento, o estilista está sempre à frente no quesito estações; no momento, já está de olho no verão 2019. “Trabalhamos com cerca de um ano de antecedência”, explica.

Atento às passarelas internacionais, ele comenta a tensão que existe na hora de acertar a cartela de cores. “O lojista e o consumidor irão buscar aqueles tons. Nossa missão é fazer o produto certo, pois ele vai nortear as coleções de um universo gigantesco de marcas. E nossa inspiração vem, principalmente, dos desfiles, pois é isso que nossos clientes querem”, defende.

A trajetória de Claudia Bartelle não pode ser descrita em poucas palavras. Formada em Psicologia, foi no universo da moda que ela se encontrou. Convidada pela empresária Alice Ferraz, da plataforma F*Hits, para escrever em um blog, ela acabou ganhando um portal e, assim, começou a fazer parte do seleto time de digital influencers. Essa paixão resultou em um olhar apurado, também, para a indústria.

Casada com o CEO da Vulcabras Azaleia, Pedro Bartelle, Clau atua como curadora fashion da companhia. “Por muito tempo, a Azaleia não era tão focada em moda, pois a informação demorava para chegar. Hoje, tudo está muito pulverizado e, por isso, estamos nos reinventado.”

Além de auxiliar no desenvolvimento, ela assina a coleção Azaleia by Clau Bartelle, que é objeto de desejo de mulheres de diferentes perfis. “Chamamos essa linha de pílula de luxo. Ela é feita com componentes premium e tem um valor agregado mais alto, mas guia toda a estação da marca”, explica. E esta linha é apenas uma das muitas que levam o nome da influencer; ela assina coleções de vestidos, louças e outros produtos. “Ser uma influenciadora digital é um trabalho. Nós vendemos produtos e lifestyle”, define.

Com uma carreira sólida no exterior – e também dentro do Brasil, Liziane Dalle Nogare define o visual merchandising como a técnica que desperta desejo dentro do salão de vendas. “Eu tenho como missão fazer com que os varejistas brasileiros entendam o poder e o valor do VM no ponto de venda. Afinal, é ali no final que a coisa realmente acontece”, argumenta.

Entre os principais pontos mencionados pela especialista, estão a experiência de compra e a interatividade. “Tecnologia e integração com cliente são dois motes da minha área. Existem inúmeras ferramentas que permitem que a experiência na loja física seja única e proporcione algo que o e-commerce não consegue fazer.”

Em termos de calçado, Liziane reforça alguns itens obrigatórios para que o cliente tenha um momento positivo dentro dos estabelecimentos. “É preciso, principalmente, que tenha espaço, lugar para sentar e acessibilidade ao produto”, resume.