Victor Arnold: essência de VENDEDOR

23.03.2017 - Roberta Pschichholz / Jornal Exclusivo

Foto: Tiago da Rosa Victor Arnold
Victor Arnold
Seus quase 2 metros de altura podem intimidar, mas basta começar uma conversa para entender que Victor Arnold construiu um negócio de sucesso cuja base é a simpatia e o relacionamento. À frente da Colorgraf (Novo Hamburgo/RS), o empresário tornou-se referência nacional na produção de etiquetas, embalagens, brindes, transfers, banners, lonas, materiais para PDV, entre outros artigos. A companhia encerrou 2016 com um crescimento real de 10% e teve fôlego suficiente para ampliar a sede e acomodar novos equipamentos. Reinvestir constantemente no negócio, estar atento a novas tecnologias e ser parceiro de seus clientes na busca de inovações estão entre os ingredientes que tornaram Arnold um homem bem-sucedido. O gosto por vender remonta a suas origens. Ele conta que ainda em Dois Irmãos/RS, por volta dos 8 anos, já comercializava palha de milho para cigarro, frutas e flores.

As poucas oportunidades da cidade natal o levaram a Novo Hamburgo, onde desceu na rodoviária, em 1974, observou os ônibus que ali passavam e subiu no que estampava seu santo de devoção. No bairro São Jorge, hospedou-se em uma pensão e logo começou como faz-tudo no Otomit. Ali, teve seu primeiro contato com o universo gráfico. Depois de montar um ateliê para encapamento de saltos e trabalhar no ramo de pavimentação, foi vender consórcios na Novocar. Entre a negociação de um Gálaxi e outro, conheceu Luis Fernando Gusmão, à época diretor do Jornal Exclusivo e da Revista Lançamentos. Foram seis anos como contato comercial e uma imensa expertise no ramo. “Foi uma grande escola. Conheci muita gente, passei a me relacionar com a direção de importantes entidades ligadas ao setor, empresários, também pude fazer cursos em diversas áreas e comecei a me inteirar nos processos de produção, entre eles os do ramo gráfico”, recorda-se. Nesse período, surgiram algumas propostas e ele aceitou a de uma empresa do ramo de etiquetas termotransferíveis, um dos carros-chefes da Colorgraf ainda hoje. Passados quase seis anos, sentiu que era hora de abrir o próprio negócio. Confira a trajetória de Arnold a seguir:

Como foi abrir seu próprio negócio? Obviamente, comecei pequeno, em 1993. Essa foi a primeira impressora, um modelo monocolor ¼ de folha, para impressão de etiquetas para calçados (o equipamento está guardado junto ao showroom da empresa). Comecei como RV Indústria Gráfica, com um consórcio, e em um ano abri a Colorgraf. Rapidamente, fui agregando valor ao meu negócio. Reinvestia tudo o que ganhava. Compramos impressoras para fazer etiquetas com misto de offset e serigrafia, depois passamos a fazer etiquetas emborrachadas, chamadas peças técnicas em alto relevo, depois fomos para alta frequência, de solda eletrônica, sempre aliando a acabamentos diferenciados que ofertamos ao mercado.

Como estava o mercado no momento em que você abriu a Colorgraf? O mercado era dominado por poucas e grandes empresas. Mas eu tinha muito conhecimento do mercado, do produto. Saí da empresa onde estava em um momento muito complicado, em 1993, quando tivemos o período de hiperinflação. Todo mês que eu pagava uma parcela dos equipamentos, praticamente devia mais que o dobro. Foi um sufoco muito grande, que em muitos momentos pensei que não fosse vencer. Chegamos a ter 25%, 30% de inflação. O dólar disparou e as prestações estavam atreladas à moeda norte-americana, porque eram máquinas importadas. Era um desespero, porque não sabíamos como pagaríamos as próximas prestações. Assim foi indo, mas conseguimos, em pouco tempo, crescer bastante. Nos encaminhamos para a comemoração de 24 anos de fundação da empresa e consegui tomar mercado muito rápido. Isso por conta do meu relacionamento e coragem de empreender em uma época muito difícil. Também houve alguns descuidos da concorrência, que estava em um nível muito superior a mim, então, basicamente eles não se preocupavam comigo, eu era mais um que estava chegando. O que era muito bom, muito saudável.

O que representa o setor calçadista no faturamento da Colorgraf? É nosso principal mercado. Fazemos muitos materiais para PDV (ponto de venda) banners, sacolas, displays. Hoje é 65%, 70%, se contabilizarmos toda essa abrangência. Direto para o calçado, 50%, 55%.

Qual a estrutura atual da empresa? Hoje, na sede, em Novo Hamburgo, contamos com 270 funcionários. Em 2006, abrimos uma filial na Bahia, em Itapetinga, com 160 funcionários.

A abertura da filial no Nordeste ocorreu para estar próximo das indústrias gaúchas que migraram para lá? Sim, foi uma negociação muito pontual para acompanhar um cliente.

Valeu a pena fazer esse movimento? No começo, sofremos bastante. Quando começamos, a intenção era abrir uma unidade para a produção de etiquetas, estampas e correlatos. Só que nosso produto depende de moda. E justamente no ano em que abrimos, a moda deu uma virada, sem muitas estampas. Aí sofremos bastante. Nessa hora entrou o brio e a teimosia do alemão em fazer o negócio dar certo. Tivemos de achar outro caminho e partimos para o ramo de embalagens. Foi preciso investir, encarar a concorrência. Éramos muito pequenos, não havia volume e pouco valor agregado. Fomos buscar os pequenos, chegando até Juazeiro do Norte.

A Colorgraf atende só mercado interno ou também exporta? Exportamos muito pouco. Houve uma época em que vendemos bastante para o México, mas o mercado de lá retraiu muito e saímos fora.

O momento do componente brasileiro é bom? Acredito que sim. Só acho que o dólar está muito baixo, o que ainda facilita muito a importação. Para o nosso segmento, por conta da rapidez com que a moda muda, acabamos sendo beneficiados. Hoje desenvolvemos uma etiqueta e amanhã já estamos entregando para o cliente. Essa agilidade é um diferencial competitivo considerável. Acredito que o mercado calçadista está vivendo um bom momento, na contramão de muita coisa que se fala. Está empregando, grandes empresas estão abrindo novas unidades. Claro que houve uma diminuição no número de empresas, mas quem está no mercado agora, está consolidado.

Você percebe algum polo calçadista que vive um momento melhor? Vejo as regiões que desenvolvem calçados esportivos e femininos bem. Grandes marcas nacionais de esportivos conseguiram acertar seus produtos, oferecer a um preço mais acessível.

Como foi o desempenho da empresa em 2016? Diria que foi bom. Tivemos um bom ano já em 2015 e registramos um crescimento real de 10% em 2016.

Isso graças a que estratégia? Muito trabalho, dedicação, planejamento, adaptar-se às condições do mercado. É fazer o tema de casa, observar o mercado e não repetir os erros, capitalizar e seguir em frente. Apostamos em 2017 em um ano ainda melhor. Ano passado investimos em ampliação do prédio, em novo maquinário, mirando em frente. Temos algo a mais a ofertar ao mercado. O setor calçadista é muito arrojado, anda muito rápido. Anos atrás, lançavam-se duas coleções ao ano. Hoje, tem empresa largando novos produtos a cada semana. Acompanhamos o cliente. Todo dia tem coisa nova. Para isso é preciso ter tecnologia, qualidade de produto e capacidade de produção para atender grandes volumes de maneira rápida.

De onde vêm as tecnologias que a Colorgraf tem? Até certo período, recebíamos representantes de máquinas e equipamentos. Em determinado momento, passamos a viajar para a Alemanha, para a China, acompanhar feiras em São Paulo. A informação é muito rápida. A Internet ajudou muito.

Quais as perspectivas da empresa para os próximos anos? É focar em nosso negócio. Obviamente, por estarmos no mercado, recebemos ofertas, gente interessada em fazer um investimento diferenciado, mas sempre tivemos por meta focarmos no nosso negócio. Temos que ser bons naquilo que fazemos. Diversificar demais pode ser um risco muito grande. A ideia é nos posicionarmos no mercado entre os melhores.

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