O bom filho à casa torna

25.10.2016 - Carina Locks / Jornal Exclusivo
Quando foi convidado a integrar o Conselho Consultivo do Instituto Senai de Tecnologia em Calçado e Logística de Novo Hamburgo/RS, o diretor do Studio 10, Christian Thomas, sentiu-se honrado. Formado no curso Técnico em Calçados em 1981, o ex-aluno, que afirma que o Senai foi para ele a melhor das escolas que frequentou, percebeu que teria a oportunidade de retribuir o que a instituição havia lhe dado. “Sou extremamente feliz de ter sido convidado a voltar lá”, conta ele, lembrando das portas que a profissão lhe abriu e disposto a contribuir para tornar a instituição cada vez mais forte e representativa ao cluster.
Como atua na pesquisa e no desenvolvimento de coleções e está constantemente em contato com empresas calçadistas, ele conhece bem as dificuldades do setor em encontrar mão de obra qualificada, principalmente no que tange à gestão de desenvolvimento de produto e produção. “Muitos problemas que ocorrem tanto na engenharia de produto, quanto na produção de calçados seriam evitados se mais profissionais envolvidos com o planejamento e a confecção dos sapatos fossem técnicos em calçados formados”, sentencia.
Por décadas, Thomas viaja o mundo, principalmente a países da Europa e aos Estados Unidos, para investigar comportamentos e conferir tendências de moda nas feiras do setor. Reconhece que o calçado também lhe proporcionou o contato com muita gente importante do universo fashion ao redor do globo, assim como aprender sobre novas culturas e ampliar sua visão de mundo.
Com vasto conhecimento do segmento calçadista e dos polos produtores, ele afirma que o Vale do Sinos continua reunindo os principais personagens desta indústria tão específica. “Somos o cérebro do calçado do Brasil, o laboratório das experiências, o centro de soluções”, frisa Thomas, que reside e trabalha em Novo Hamburgo.
De orador a paraninfo
Com habilidade e fluência verbal desde sempre, Christian Thomas lembra que foi o orador da turma quando se formou no Senai. Por outro lado, também já foi convidado a ser paraninfo de várias turmas de técnicos em Design de Calçados formadas na instituição. “É muito gratificante participar da formação desses alunos”, resume ele, que hoje tem 51 anos. Graduado em Artes Visuais, o pesquisador conta que após fazer o Técnico em Calçados do Senai iniciou o curso de Comércio Exterior, mas percebeu que não era isso que deveria buscar. “Me dei conta de que não era técnica de comércio que precisava agregar ao meu trabalho, mas sim, arte.” Thomas explica que isso fez sua carreira dar uma guinada para o mundo da investigação, da inovação e da tecnologia. Em meio a tantas viagens, levou 12 anos para graduar-se em Artes Visuais, sua outra paixão.
Mas Thomas nunca teve dúvida quanto ao seu encanto pelos calçados. Quando concluiu o curso de Senai já tinha claro que o caminho escolhido seria o do desenvolvimento de produtos. O Studio 10 foi constituído em 2001, mas antes disso ele trabalhou em outras empresas, como uma importadora norte-americana de calçados brasileiros, companhias de exportação, e as extintas Calçados Schirley (Sapiranga/RS) e a Calçados Centenário (Novo Hamburgo/RS), sendo esta última o seu primeiro emprego, onde fez estágio como auxiliar de modelagem.
Moda com tecnologia 3D
Com o mundo e a indústria em transformação, muitas são as inovações que estão alterando o ambiente fabril e de engenharia de produto no segmento calçadista. Para Christian Thomas, o desafio ainda é fazer o mercado entender que moda e tecnologia precisam caminhar juntas. Alguns exemplos de tecnologia já utilizada na indústria calçadista e que são abordados no curso técnico são nanotecnologia, sistema CAD para design, corte automático e impressão 3D.
Mudando a forma como os produtos estão sendo projetados e produzidos, a impressão 3D é tema abordado na escola. A diretora da instituição, Arlete Accurso, explica que o alunos desenvolvem projetos de saltos e solados e podem fazer uso de impressora 3D, instalada na unidade do Senai de São Leopoldo/RS, para materializarem suas ideias.
Christian Thomas, que desenvolve projetos com impressão 3D, principalmente para a prototipagem de saltos e solado para marcas internacionais, aponta que este é um primeiro passo em direção à automatização dos procedimentos para o cluster calçadista. O processo é mais preciso e o ganho em termos de agilidade e tempo é considerável. “É fundamental saber como a tecnologia pode colaborar com a moda, e, para isso, o Senai dá o suporte necessário”, orienta Thomas, acrescentando que a fabricação de calçados não continuará sendo manual e pesada e que os novos profissionais precisam estar preparados para isso.
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Confira vídeo exclusivo feito com o pesquisador e designer.

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